30.8.02
29.8.02
27.8.02
Carne Crua: uma viagem
No Digestivo Cultural, um artigo do Rodrigo Gurgel faz referência ao Library Cats Map, um projeto que tenta catalogar gatos que vivem em bibliotecas pelo mundo afora. Com propriedade, Rodrigo menciona que "dezenas de gatos, espalhados pelos países mais diferentes, demonstraram – como sempre! – sabedoria e escolheram viver no melhor dos ambientes: em meio aos livros". Não é difícil constatar.
Aqui perto funciona uma livraria, a Dantes, que até bem pouco tempo atrás contava com um desses "amantes da literatura". Jamais passei por ali sem espiar onde ele estava. Quase sempre esparramado sobre grossos volumes, nos bancos, nas estantes ou adormecido confortavelmente sobre exemplares de revistas.
Um dia dei pela sua falta. Dois dias, uma semana, talvez mais. Um funcionário me contou que ele estava desaparecido. Ainda não voltou. Era preto, peludo, grandes olhos verdes, jeito discreto, quase indiferente. Deve ter mergulhado, imagino, em uma daquelas histórias. Um clássico, talvez. Quem sabe em um livro de Borges...
Na foto, pretexto para tudo isto, o companheiro Johnnie Walker – "gente boa", a despeito de gostar de perseguir insetos em vôo rasante. Demonstrando profundo interesse jornalístico, ele prefere os jornais.
24.8.02
Para pensar, e pensar muito:
Tevê digital é tecnologia que engana. Na aparência é televisão como aquela que a gente tem em casa – no Brasil, são 50 milhões de aparelhos que mostram uma idéia de mundo para 90% da população todo dia. Mas por trás desta aparência inocente, a televisão digital é um computador. Assim, no dia em que a tevê analógica for substituída completamente pela digital, ela vira uma espécie de Internet onde quem manda é quem tem emissora.
A promessa clássica da tevê digital e interativa é comercial. A telespectadora acha bonito o casaco da moça na novela, clica o controle remoto e pode encomendá-lo por uns módicos caraminguás. E é aí que está o pulo do gato: para ser interativo, o aparelho de televisão não apenas recebe a programação como também envia de volta informação. Do pedido do casaco a coisas mais cabeludas.
Em se tratando de um computador, tudo que é feito na tevê digital pode ser gravado. Quantas vezes foi ligada, que canais foram vistos, quando, por quanto tempo, programas favoritos, o que foi comprado. Se o espectador gosta de pornografia e prefere filmes de sado-masoquismo, o dono da televisão sabe. Pode repassar esta informação, por exemplo, aos anunciantes. Ou para o governo. O que vai fazer não depende de tecnologia, depende de o que a lei permitir. Mas enquanto a discussão sobre que tecnologia será usada corre solta, os meandros de que tevê será essa são ignorados.
(...)
A Anatel, no entanto, tem por responsabilidade apenas a questão técnica. Cabe aos Ministérios da Justiça e das Comunicações e, em última instância, ao Congresso, regulamentar e legislar seus usos. Se a tevê digital for uma caixa preta e o software lá dentro for proprietário, não há como controlar que tipo de informação ele produz para as emissoras.
É pior do que já acontece na Internet. Afinal, computador é difícil de usar. Se um software da Microsof fuça o computador de qualquer um e fica disparando informação, ao menos o usuário é mais bem preparado. Televisão é diferente. Basta apertar uns botões.
(...)
E se o governo decide, por qualquer motivo, que precisa saber quem tem tara por sado-masoquismo? Ou, então, num país como os EUA de hoje, decide saber quem assiste na Al Jazeera os discursos de Osama bin Laden em árabe original com freqüência? Pode ser uma pista para terroristas, claro. Assim como pode ser a desculpa para mais um inocente ir parar na cadeia.
Ou uso político – e se um candidato do governo decide usar a máquina do Estado para conseguir dados demográficos de quem se interessa nos telejornais por violência, ou saúde, ou educação para que a propaganda eleitoral de cada um venha a abordar exclusivamente o que lhe interessa? Ajuda um bocado na eleição. Os usos têm por limite apenas a imaginação.
No fim das contas, são duas decisões a se tomar: primeiro, quem pode ter acesso a esse tipo de informação. Depois, e mais importante, que informação pode ser registrada.
O texto completo está aqui. E é assinado pelo Pedro Doria.
Tevê digital é tecnologia que engana. Na aparência é televisão como aquela que a gente tem em casa – no Brasil, são 50 milhões de aparelhos que mostram uma idéia de mundo para 90% da população todo dia. Mas por trás desta aparência inocente, a televisão digital é um computador. Assim, no dia em que a tevê analógica for substituída completamente pela digital, ela vira uma espécie de Internet onde quem manda é quem tem emissora.
A promessa clássica da tevê digital e interativa é comercial. A telespectadora acha bonito o casaco da moça na novela, clica o controle remoto e pode encomendá-lo por uns módicos caraminguás. E é aí que está o pulo do gato: para ser interativo, o aparelho de televisão não apenas recebe a programação como também envia de volta informação. Do pedido do casaco a coisas mais cabeludas.
Em se tratando de um computador, tudo que é feito na tevê digital pode ser gravado. Quantas vezes foi ligada, que canais foram vistos, quando, por quanto tempo, programas favoritos, o que foi comprado. Se o espectador gosta de pornografia e prefere filmes de sado-masoquismo, o dono da televisão sabe. Pode repassar esta informação, por exemplo, aos anunciantes. Ou para o governo. O que vai fazer não depende de tecnologia, depende de o que a lei permitir. Mas enquanto a discussão sobre que tecnologia será usada corre solta, os meandros de que tevê será essa são ignorados.
(...)
A Anatel, no entanto, tem por responsabilidade apenas a questão técnica. Cabe aos Ministérios da Justiça e das Comunicações e, em última instância, ao Congresso, regulamentar e legislar seus usos. Se a tevê digital for uma caixa preta e o software lá dentro for proprietário, não há como controlar que tipo de informação ele produz para as emissoras.
É pior do que já acontece na Internet. Afinal, computador é difícil de usar. Se um software da Microsof fuça o computador de qualquer um e fica disparando informação, ao menos o usuário é mais bem preparado. Televisão é diferente. Basta apertar uns botões.
(...)
E se o governo decide, por qualquer motivo, que precisa saber quem tem tara por sado-masoquismo? Ou, então, num país como os EUA de hoje, decide saber quem assiste na Al Jazeera os discursos de Osama bin Laden em árabe original com freqüência? Pode ser uma pista para terroristas, claro. Assim como pode ser a desculpa para mais um inocente ir parar na cadeia.
Ou uso político – e se um candidato do governo decide usar a máquina do Estado para conseguir dados demográficos de quem se interessa nos telejornais por violência, ou saúde, ou educação para que a propaganda eleitoral de cada um venha a abordar exclusivamente o que lhe interessa? Ajuda um bocado na eleição. Os usos têm por limite apenas a imaginação.
No fim das contas, são duas decisões a se tomar: primeiro, quem pode ter acesso a esse tipo de informação. Depois, e mais importante, que informação pode ser registrada.
O texto completo está aqui. E é assinado pelo Pedro Doria.
O espírito de Stevie Ray Vaughan cantou pra subir e as coisas lá nos comentários da Elis voltaram ao normal. Guinness? No way!
E prometo que não falo mais disso aqui.
E prometo que não falo mais disso aqui.
23.8.02
Esse cara é um gênio! Cortar árvores para combater os incêndios florestais?! Como é que ninguém pensou nisso antes?
Atualizando o antepenúltimo post: ainda por obra e graça do Sobrenatural de Almeida (copyright by Nélson Rodrigues), o número de comentários sobre o post da Elis baixou para 80. Já tenho minhas dúvidas quanto ao Guinness.
21.8.02
Blogs nas livrarias. Este inseto, humildemente, agradece ao autor, Marcos José Pinto, pela menção honrosa.
Uau, Elis! Receber 134 comentários (por enquanto) para um único post deve ser recorde mundial! Tá certo que teve uma ajudinha, digamos, sobrenatural (rest in pieces, Stevie), mas acho que o Guinness homologa mesmo assim.
19.8.02
17.8.02
Tô voando.
15.8.02
Feitio de horas são
Ora, o tempo passa
Mas por um segundo
Todo o mundo teve a sua graça
Ora, o tempo passa
Mas por um segundo
Todo o mundo teve a sua graça
14.8.02
12.8.02
Se você usa a Google Toolbar, fique atento: foram descobertas nove falhas de segurança nas versões 1.1.58 e anteriores. Os problemas foram admitidos pelo Google, que recomendou a atualização para versões mais recentes da Toolbar (1.1.59 ou 1.1.60).
Para verificar qual a sua versão, clique no botão do Google no seu browser e, em seguida, em "About Google Toolbar/Sobre a Barra de Ferramentas do Google". Para baixar a versão mais recente, clique aqui.
Para verificar qual a sua versão, clique no botão do Google no seu browser e, em seguida, em "About Google Toolbar/Sobre a Barra de Ferramentas do Google". Para baixar a versão mais recente, clique aqui.
9.8.02
Saudade de Betinho
Cinco anos sem ele. E a Rets faz uma justa e bela homenagem a Herbert de Souza com esta reportagem de Maria Eduarda Mattar.
A propósito: que tal doar sem colocar a mão no bolso? Então vá em frente!
Cinco anos sem ele. E a Rets faz uma justa e bela homenagem a Herbert de Souza com esta reportagem de Maria Eduarda Mattar.
A propósito: que tal doar sem colocar a mão no bolso? Então vá em frente!
Mais um blog? No mínimo, uma boa idéia.
7.8.02
Como vocês sabem, ou deveriam saber, estamos bem perto de entregar o controle da Base Militar de Alcântara, no Maranhão, para os Estados Unidos. E isto não é apenas força de expressão, pois os americanos terão completo domínio sobre a área e mesmo autoridades brasileiras só terão acesso ao local mediante prévia autorização.
A campanha Jubileu Sul tem se esforçado para pressionar os congressistas e divulgou recentemente um Manifesto em Defesa da Soberania do Brasil:
O mais antigo e legítimo princípio do exercício da soberania dos povos é a defesa da integridade do seu território. Princípio que lhe garante ação soberana inquestionável para desenvolvê-lo de maneira sustentável e oferecê-lo às gerações futuras.
O Governo Fernando Henrique Cardoso está ferindo este princípio, ao acatar as inaceitáveis condições impostas pelo governo dos Estados Unidos da América, para utilização da Base de Alcântara, no Maranhão. O Acordo de Salvaguardas Tecnológicas, assinado entre os dois governos, em abril de 2000, constitui-se numa peça que envergonha a diplomacia brasileira e num insulto à nossa soberania e inteligência.
É inaceitável para um país soberano, sob qualquer ponto de vista, admitir que a área da Base de Alcântara seja privativa da autoridade do governo dos Estados Unidos, garantindo-lhe total privacidade na circulação de pessoas e equipamentos.
O teor do acordo não nos deixa dúvida sobre as reais motivações geopolíticas e militares do governo dos Estados Unidos, ao exigir autonomia total em nosso território, justamente na entrada da Amazônia. E, sorrateiramente, este acordo sepulta a possibilidade da Aeronáutica brasileira desenvolver um programa espacial autônomo e soberano.
Além disso, coloca em risco as comunidades de remanescentes de Quilombos que há mais de duzentos anos vivem na região.
É indispensável um gesto de altivez do Congresso Nacional, ao apreciar os termos deste malfadado acordo, visando restabelecer o pressuposto da Soberania Nacional.
Nós, cidadãos e cidadãs, atento(a)s aos princípios e a defesa da soberania nacional e conscientes do exercício da soberania popular assegurada pela Constituição da República, nos manifestamos, exigindo:
1. Que o Congresso Nacional rejeite o acordo.
2. Que se busque uma solução justa e duradoura para que todos os brasileiros que vivem no município de Alcântara tenham seus direitos assegurados e possam trabalhar e melhorar suas condições de vida.
3. Que seja assegurado o direito de nosso povo à investigação, à pesquisa, ao acesso e desenvolvimento de novas tecnologias pacíficas de exploração espacial.
A defesa de Alcântara tem um site próprio, onde podem ser consultados os principais documentos referentes ao caso, incluindo o texto do acordo.
A campanha Jubileu Sul tem se esforçado para pressionar os congressistas e divulgou recentemente um Manifesto em Defesa da Soberania do Brasil:
O mais antigo e legítimo princípio do exercício da soberania dos povos é a defesa da integridade do seu território. Princípio que lhe garante ação soberana inquestionável para desenvolvê-lo de maneira sustentável e oferecê-lo às gerações futuras.
O Governo Fernando Henrique Cardoso está ferindo este princípio, ao acatar as inaceitáveis condições impostas pelo governo dos Estados Unidos da América, para utilização da Base de Alcântara, no Maranhão. O Acordo de Salvaguardas Tecnológicas, assinado entre os dois governos, em abril de 2000, constitui-se numa peça que envergonha a diplomacia brasileira e num insulto à nossa soberania e inteligência.
É inaceitável para um país soberano, sob qualquer ponto de vista, admitir que a área da Base de Alcântara seja privativa da autoridade do governo dos Estados Unidos, garantindo-lhe total privacidade na circulação de pessoas e equipamentos.
O teor do acordo não nos deixa dúvida sobre as reais motivações geopolíticas e militares do governo dos Estados Unidos, ao exigir autonomia total em nosso território, justamente na entrada da Amazônia. E, sorrateiramente, este acordo sepulta a possibilidade da Aeronáutica brasileira desenvolver um programa espacial autônomo e soberano.
Além disso, coloca em risco as comunidades de remanescentes de Quilombos que há mais de duzentos anos vivem na região.
É indispensável um gesto de altivez do Congresso Nacional, ao apreciar os termos deste malfadado acordo, visando restabelecer o pressuposto da Soberania Nacional.
Nós, cidadãos e cidadãs, atento(a)s aos princípios e a defesa da soberania nacional e conscientes do exercício da soberania popular assegurada pela Constituição da República, nos manifestamos, exigindo:
1. Que o Congresso Nacional rejeite o acordo.
2. Que se busque uma solução justa e duradoura para que todos os brasileiros que vivem no município de Alcântara tenham seus direitos assegurados e possam trabalhar e melhorar suas condições de vida.
3. Que seja assegurado o direito de nosso povo à investigação, à pesquisa, ao acesso e desenvolvimento de novas tecnologias pacíficas de exploração espacial.
A defesa de Alcântara tem um site próprio, onde podem ser consultados os principais documentos referentes ao caso, incluindo o texto do acordo.
6.8.02
4.8.02
Aviso aos navegantes: se você se ofende com palavrões, não leia este post até o fim. É uma citação do Sergio Faria, do Catarro Verde, e vocês sabem que o rapaz é conhecido por seu estilo, digamos, visceral. O fato é que o texto é mesmo uma maravilha. Eu diria até, sem querer criar constrangimentos, que ele matou a pau. Bem, estão avisados, não estão? Então, lá vai:
A quem interessar possa. Estou de saco muito cheio dessa porra de assunto do dólar. Eu quero mais é que o dólar se foda. Que os doleiros se fodam. Que os manipuladores se fodam. Que o banco central se foda. Que os economistas se fodam. Que os comentaristas sisudo-econômicos da TV se fodam. Esse maldito papo de economia já nos arrebentou a cabeça e a vida por um longo tempo. Chega! Quando é que essa merda de imprensa vai pôr na primeira página que a bolsa cultural está caindo, que o risco-educação subiu, que o valor do afeto está em baixa, que a auto-estima despencou, que as nossas reservas de sonhos estão se esgotando? Quando é que tudo isso vai ter algum valor neste país, porra? Caralho. Vão pra puta que os pariu com esse ranço monetário anestesiante, enfadonho e daninho, cacete.
Se quiser ler o original, clique e divirta-se.
A quem interessar possa. Estou de saco muito cheio dessa porra de assunto do dólar. Eu quero mais é que o dólar se foda. Que os doleiros se fodam. Que os manipuladores se fodam. Que o banco central se foda. Que os economistas se fodam. Que os comentaristas sisudo-econômicos da TV se fodam. Esse maldito papo de economia já nos arrebentou a cabeça e a vida por um longo tempo. Chega! Quando é que essa merda de imprensa vai pôr na primeira página que a bolsa cultural está caindo, que o risco-educação subiu, que o valor do afeto está em baixa, que a auto-estima despencou, que as nossas reservas de sonhos estão se esgotando? Quando é que tudo isso vai ter algum valor neste país, porra? Caralho. Vão pra puta que os pariu com esse ranço monetário anestesiante, enfadonho e daninho, cacete.
Se quiser ler o original, clique e divirta-se.
3.8.02
Do Diário de Notícias, de Portugal:
Os profissionais de Internet da África do Sul acusaram o Governo de tentar controlar toda a produção online do país. Um grupo de advogados representantes de servidores sul-africanos de Internet intercedeu junto do Presidente Thabo Mbeki para que não assinasse uma nova proposta de lei prevista para a próxima segunda-feira. Uma proposta que, a ser aprovada, dará ao Governo a possibilidade de controlar tudo o que se passa na Rede nacional, ou seja, passa a funcionar como administrador da Internet, com livre acesso a registros, moradas electrónicas e bases de dados.
A íntegra, aqui. E mais aqui.
Os profissionais de Internet da África do Sul acusaram o Governo de tentar controlar toda a produção online do país. Um grupo de advogados representantes de servidores sul-africanos de Internet intercedeu junto do Presidente Thabo Mbeki para que não assinasse uma nova proposta de lei prevista para a próxima segunda-feira. Uma proposta que, a ser aprovada, dará ao Governo a possibilidade de controlar tudo o que se passa na Rede nacional, ou seja, passa a funcionar como administrador da Internet, com livre acesso a registros, moradas electrónicas e bases de dados.
A íntegra, aqui. E mais aqui.
Passo uns dias sem vir aqui e já começam a dizer que estou comendo mosca. Gente mais indiscreta, caramba!