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9.4.01

Era uma segunda-feira como esta. Chata como esta. Modorrenta, insípida, natimorta.
Iniciava mais uma semana de trabalho extenuante.

Minha missão: acompanhar uma beldade loura da televisão em um ensaio fotográfico para uma revista de peladonas.

Suculento, sem dúvida. Mas para você, não para uma mosca. Cumpri meu dever com dignidade. Não perturbei a moça em seu lânguido sossego e esperei pacientemente que o fotógrafo preparasse o equipamento e a luz. Enquanto aguardava, sobrevoei a mesa de frutas do cenário, afinal saíra cedo e em jejum. Escolhi a mais atraente e... bosta! Era de cera!

Resignei-me com restos de açúcar na xícara de café da tanajura, que já fazia poses e olhares para a câmera. Precisava agir rápido.

Decolei a tempo de ser fotografado em close, monasticamente pousado sobre a catedral do amor.

Missão cumprida: saí na página 47. Modéstia à parte, sou fotogênico.

4.4.01


No princípio era um cacho de bananas. E logo nos aproximamos, eu e os demais formandos da turma de reporterus melanogasteres de 1988.

Desde então, tem sido uma longa jornada saboreando doces notícias, atormentando corpos suados e pousando as patas sobre tudo que se degenera.

O estágio em uma rede de padarias deu-me os rudimentos do ofício. Mas alcei vôos mais altos.

Me embrenhei em reportagens aventureiras na mata atlântica, investiguei os porões do crime organizado, fui conferir de perto as terríveis condições de vida da população vizinha de aterros sanitários.

Tornei-me especialista em generalidades. Um profissional em busca de fatos suculentos, sob a égide da Cabocla Varejeira.

Para o alto! E avante!

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